A Fábrica

A Realidade Crua da Indústria em 'A Fábrica' de Medulla

A música 'A Fábrica' da banda Medulla oferece uma crítica contundente à realidade dos trabalhadores industriais. A letra começa descrevendo a rotina diária de um trabalhador, que vê a fábrica à luz do dia e busca a simpatia da moça que o atende. A menção ao 'belo sorriso' e à 'falta do cizo' sugere uma tentativa de encontrar pequenos momentos de alegria em um ambiente opressivo. A radiação que bronzeia o funcionário é uma metáfora para as condições insalubres de trabalho, e a referência a um 'x-men' filho de alguém que trabalhou na fundação da fábrica insinua mutações ou doenças causadas por essas condições.

A segunda estrofe aprofunda a crítica social, mencionando um 'braço forte do norte' que rega o chão de São Paulo, simbolizando a migração de trabalhadores do norte para o sudeste em busca de melhores oportunidades. No entanto, essa migração resulta em solidão e alienação, representadas pela 'semente de solidão' que germina no asfalto. O óleo que move a máquina é a transpiração dos trabalhadores, destacando a exploração da força de trabalho. A frase 'o que eu construo é o que eu não posso ter' reflete a ironia de criar produtos que os próprios trabalhadores não podem consumir.

A repetição do refrão 'Todo dia a dia cheira a fábrica' reforça a ideia de que a vida dos trabalhadores está intrinsecamente ligada à fábrica, sem escapatória. A última estrofe aborda a falta de benefícios e a saudade, sugerindo que, apesar do trabalho árduo, os trabalhadores não recebem o que merecem. A metáfora da 'porca e a engrenagem' representa a desumanização e a mecanização do trabalho, onde os trabalhadores são apenas peças de uma máquina maior.