Poison Was The Cure

O ciclo do vício em "Poison Was The Cure" do Megadeth

"Poison Was The Cure", do Megadeth, aborda de forma direta e intensa a luta de Dave Mustaine contra o vício em heroína e o tratamento com metadona. O veneno, presente no título e ao longo da letra, simboliza tanto a destruição causada pela dependência quanto o alívio temporário que ela proporciona. No verso “A snake you were when we met / I loved you anyway” (Você era uma cobra quando nos conhecemos / Eu te amei mesmo assim), Mustaine revela a atração irresistível por algo reconhecidamente perigoso, seja uma pessoa ou a própria droga, refletindo a dinâmica de relações tóxicas e dependências.

A metáfora da serpente e do veneno se repete em “Pulling out your poisoned fangs / The venom never goes away” (Arrancando suas presas venenosas / O veneno nunca vai embora), mostrando que, mesmo tentando se livrar do vício, seus efeitos persistem física e mentalmente. O título da música faz referência à metadona, usada como tratamento para dependentes de heroína, mas que também é um tipo de veneno, evidenciando a ironia de buscar cura em algo igualmente nocivo. Trechos como “My brain was just some driftwood in a cesspool I became dead” (Meu cérebro era só um pedaço de madeira à deriva em uma fossa, eu me tornei morto) ilustram o desgaste mental e a sensação de perda de identidade. O final, “Loves a tidepool taste the waters life's abundant / Taste me” (O amor é uma poça de maré, prove as águas, a vida é abundante / Prove de mim), funciona como um convite sedutor e um alerta sobre os riscos de se entregar ao prazer destrutivo. Assim, a música mistura confissão pessoal e metáfora universal sobre vícios e relações autodestrutivas, mantendo o tom sombrio típico do Megadeth.