Anarchy In The U.K.

Rebeldia e crítica social em “Anarchy In The U.K.” do Megadeth

A versão do Megadeth para “Anarchy In The U.K.” se destaca por adaptar o grito de rebeldia britânico dos Sex Pistols para o contexto americano, trocando “Anarchy for the U.K.” por “Anarchy for the U.S.A.”. Essa mudança não é apenas geográfica, mas também provoca ao sugerir que o espírito anarquista e contestador pode surgir em qualquer lugar onde exista insatisfação com o sistema. O verso “I am an anti-Christ / And I am an anarchist” (“Eu sou um anticristo / E eu sou um anarquista”) reforça a postura de oposição total a qualquer autoridade ou moral tradicional, mantendo o impacto chocante da versão original dos anos 70.

A letra traz frases como “Don't know what I want, but I know how to get it” (“Não sei o que quero, mas sei como conseguir”) e “I want to destroy, possibly ?” (“Quero destruir, talvez?”), que expressam uma rebeldia impulsiva, sem um objetivo definido além de romper com o status quo. O trecho “Your future dream is a shopping spree” (“Seu sonho futuro é uma maratona de compras”) ironiza o consumismo como promessa de felicidade, criticando a alienação da sociedade moderna. A polêmica adaptação de Dave Mustaine, trocando “another council tenancy” por “and other cunt-like tendencies”, intensifica o tom agressivo e escrachado, deixando clara a intenção de chocar – o que gerou desconforto até entre os próprios Sex Pistols, como mostra a recusa de Johnny Rotten em liberar a letra para o Megadeth anos depois.

Ao citar siglas como MPLA, UDA e IRA, a música faz referência a grupos políticos e paramilitares envolvidos em conflitos, questionando a real motivação por trás de movimentos revolucionários. O verso “I thought it was the U.S.A., or just another country” (“Achei que era os EUA, ou só mais um país”) sugere que a anarquia pode ser apenas mais uma bandeira, usada conforme a conveniência. O refrão repetido “'Cause I want to be anarchy” (“Porque eu quero ser anarquia”) é uma declaração de independência radical e rejeição a qualquer forma de controle, mantendo a mensagem provocadora e divisiva da música original.