Wheels On The Bus

Contrastes e rebeldia adolescente em “Wheels On The Bus”

Em “Wheels On The Bus”, Melanie Martinez utiliza o cenário familiar de uma viagem escolar para abordar temas delicados da adolescência. A música faz referência à tradicional canção infantil, mas subverte sua inocência ao retratar situações como um casal se tocando no ônibus e o uso de drogas. Esse contraste ressalta a passagem da infância para a adolescência, marcada por rebeldia, experimentação e a sensação de impunidade diante da ausência de consequências.

O verso “I know the driver sees it / I know he's peeking in the rearview mirror / He says nothing” (“Eu sei que o motorista vê / Eu sei que ele está espiando pelo retrovisor / Ele não diz nada”) destaca a postura passiva das figuras de autoridade, simbolizadas pelo motorista, que opta por ignorar o comportamento dos jovens. A protagonista observa tudo em silêncio, sentindo-se desconfortável e deslocada, mas também resignada diante da falta de supervisão. O refrão “No one's watching us, don't give a fuck / Wheels on the bus” (“Ninguém está nos vigiando, não ligo / As rodas do ônibus”) reforça a ideia de liberdade sem limites, mas também de abandono. Ao trazer elementos do cotidiano escolar, como “counting trees as they pass me by” (“contando árvores enquanto passam por mim”) e “holding it down up in the front” (“segurando as pontas lá na frente”), Melanie aproxima a narrativa do ouvinte, tornando as situações mais reais. Assim, o ônibus escolar se transforma em um retrato das tensões e contradições da adolescência, onde a inocência rapidamente dá lugar a experiências adultas e à indiferença dos adultos.