Mad In Boo

Realidade urbana e resistência em “Mad In Boo” de Melk

Em “Mad In Boo”, Melk utiliza a figura de Majin Boo, personagem conhecido pela força e imprevisibilidade, para simbolizar a dureza e a instabilidade do cotidiano nas periferias urbanas. O título faz um trocadilho com “Made in Boo”, reforçando que tudo o que é narrado na música é fruto desse ambiente específico, marcado por desafios, contradições e uma luta constante pela sobrevivência.

A letra apresenta de forma direta a realidade de quem vive à margem, como nos versos “balas cortando seu cartão de visita” e “grito fosco veneno na saliva”, que ilustram o perigo constante e a necessidade de estar sempre alerta. Melk não romantiza o crime, como mostra o trecho “Tava vendendo droga / Claro que tava e minha vida tava uma bosta”, evidenciando a falta de opções e o ciclo de dificuldades enfrentado por muitos. A música também destaca a hipocrisia social, especialmente no verso “A professora viu minha droga na carteira / Agora ela sabe que eu vendo e o filho dela cheira”, mostrando que o problema das drogas atravessa todas as classes sociais. Temas como racismo (“barrado na alfândega peso da melanina”) e traição (“A mina que dava pro bonde, é a mesma que caguetava”) também aparecem, compondo um retrato cru e honesto da vida na periferia. “Mad In Boo” mistura revolta, ironia e a busca por respeito, expondo as contradições e a resistência presentes nesse contexto.