Bitch

Multiplicidade feminina e autoaceitação em “Bitch”

A música “Bitch”, de Meredith Brooks, questiona a ideia de que mulheres devem se encaixar em papéis fixos ou estereótipos. Logo no refrão, Brooks se descreve por meio de opostos: “I'm a bitch, I'm a lover / I'm a child, I'm a mother / I'm a sinner, I'm a saint” (“Sou uma vadia, sou uma amante / Sou uma criança, sou uma mãe / Sou uma pecadora, sou uma santa”). Com isso, ela assume todas as suas facetas, sem pedir desculpas ou sentir vergonha. A escolha do termo “bitch” foi proposital e gerou polêmica, especialmente em rádios, mas serve para desafiar julgamentos sociais e afirmar o direito de ser complexa e autêntica. Brooks escreveu a canção para celebrar essa multiplicidade, enfrentando estereótipos de gênero e a expectativa de que mulheres sejam apenas “inocent and sweet” (“inocentes e doces”) ou se limitem a um único papel.

A letra também fala sobre instabilidade emocional e mudanças de humor, como em “tomorrow I will change and today won't mean a thing” (“amanhã eu vou mudar e hoje não vai significar nada”). Isso reforça que ninguém é estático e que aceitar a própria mutabilidade é essencial para a experiência humana. O verso “I'm your hell, I'm your dream / I'm nothing in between” (“Sou seu inferno, sou seu sonho / Não sou nada entre esses dois”) mostra como ela pode ser tanto fonte de prazer quanto de desafio, e que essa dualidade é inevitável. “Bitch” se tornou um hino de autoaceitação e liberdade, influenciando artistas como Bebe Rexha, que a homenageou em “I'm a Mess”, e marcando posição contra o machismo, como ficou claro nas reações negativas que Brooks enfrentou em apresentações ao vivo. A música celebra a honestidade emocional e a recusa em ser reduzida a um único rótulo.