Se Eu Podesse Eu Voltava No Tempo Iaiá

Memória e ancestralidade em "Se Eu Podesse Eu Voltava No Tempo Iaiá"

Em "Se Eu Podesse Eu Voltava No Tempo Iaiá", Mestre Barrão expressa um profundo desejo de retornar ao passado, não apenas por saudade, mas como forma de valorizar as raízes da capoeira e homenagear os mestres que ajudaram a construir essa tradição. Ao citar nomes como Mestre Bimba, Mestre Pastinha e Besouro Mangangá, a música transforma essas figuras em símbolos de resistência, inovação e tradição, conectando a letra ao contexto histórico da capoeira como arte de luta e sobrevivência dos afrodescendentes no Brasil. As referências a engenhos e senzalas reforçam essa ligação com o passado escravocrata, destacando a capoeira como expressão de liberdade e identidade cultural.

A repetição do verso "se eu pudesse eu voltava no tempo" funciona como um mantra que valoriza a memória coletiva e a transmissão oral das histórias da capoeira. O tom nostálgico e respeitoso é intensificado ao mencionar mestres e cidades como Bahia, Recife e Rio, mostrando a diversidade e a amplitude dessa tradição. Ao citar "a luta do batuque" e "o brilho da navalha", a música faz referência aos elementos de combate e defesa que marcaram a evolução da capoeira, sugerindo que revisitar o passado é essencial para compreender e honrar a riqueza dessa arte. Assim, Mestre Barrão convida o ouvinte a reconhecer a importância de preservar e celebrar as raízes culturais, entendendo a capoeira como um legado vivo de luta, resistência e ancestralidade.