Eu ja vivo enjoado

Humor e resistência em "Eu ja vivo enjoado" de Mestre Pastinha

Em "Eu ja vivo enjoado", Mestre Pastinha utiliza humor e ironia para abordar as dificuldades enfrentadas pelo povo afro-brasileiro em Salvador. Logo no início, ao dizer “eu já vivo enjoado, de viver aqui na terra, óh mamãe eu vou pra lua”, ele brinca com a ideia de fugir dos problemas do cotidiano, mas também faz uma crítica às promessas de soluções fáceis. Isso fica evidente no verso “tudo isso é conversa, pra comer sem trabalhar”, que, dentro do contexto da capoeira, reforça a importância do esforço e da honestidade para conquistar uma vida digna, rejeitando ilusões e atalhos.

A música mantém um tom leve ao imaginar a construção de um “ranchinho todo feito de sapé” na lua, trazendo para o universo fantástico uma referência simples e familiar do cotidiano nordestino. O diálogo com a mulher e o planejamento do café da manhã reforçam o clima descontraído, mas também destacam o valor da parceria e da esperança, mesmo diante das dificuldades. No final, ao dizer “viva meu Deus, viva meu Mestre”, Pastinha celebra a coletividade, o respeito às lideranças e a espiritualidade presentes na Capoeira Angola. Assim, a canção transmite, de forma acessível e bem-humorada, valores de resistência, união e autenticidade, que são centrais na filosofia de Mestre Pastinha e na cultura afro-brasileira.