THAT'S THAT

Crítica e autenticidade em "THAT'S THAT" de MF Doom

Em "THAT'S THAT", MF Doom constrói uma letra repleta de trocadilhos e imagens aparentemente desconexas para reforçar sua postura de outsider e sua crítica à superficialidade do rap mainstream. Logo no início, versos como “Already woke, spared a joke, barely spoke, rarely smoke” (“Já desperto, poupou uma piada, mal falou, raramente fuma”) mostram sua preferência por se manter à parte, observando e só se manifestando quando necessário. Isso se conecta ao tema de autenticidade e integridade artística, características marcantes de Doom. A menção ao “mirror broke” (“espelho quebrado”) sugere uma autopercepção fragmentada, refletindo a persona multifacetada do artista e sua dificuldade de se encaixar nos padrões da indústria musical.

A letra é marcada por jogos de palavras e duplos sentidos, como em “Give a MC a rectal hysterectomy / Electron removal of the bowls, foul technically” (“Fazer uma histerectomia retal em um MC / Remoção eletrônica das entranhas, tecnicamente sujo”), onde Doom ironiza a mediocridade de outros rappers, usando metáforas médicas para mostrar como ele "remove" a essência deles de forma impiedosa. O tom irônico aparece também em “DOOM rock grandma like the kumbaya!” (“DOOM agita a vovó como o kumbaya!”), misturando referências culturais e familiares para criar imagens absurdas e engraçadas. O sample etéreo de "Princess Gika" reforça a atmosfera de estranheza e criatividade livre. Por fim, versos como “Can it be I stayed away too long? / Did you miss these rhymes when I was gone?” (“Será que fiquei longe demais? / Sentiu falta dessas rimas quando estive fora?”) mostram a autoconfiança de Doom e sua relação com o público. O encerramento com “And that's that” (“E é isso aí”) funciona como um ponto final irônico, reafirmando que Doom faz rap do seu jeito, sem se preocupar em agradar ou se explicar.