Streetwalker

“Streetwalker”: desejo, fuga e promessa de mudança

Em “Streetwalker”, o flerte vira fantasia de resgate: o narrador se apaixona por uma “streetwalking baby” (garota de programa) e tenta transformar desejo em vínculo. Ele observa a rotina noturna — “paint the town so pretty” (agitar a cidade toda), “I hear you walking” (eu te ouço andando) — e projeta uma vida fora da rua, insistindo em algo além do encontro pago. A urgência move a voz: “I chase you every step of the way” (eu te sigo a cada passo), “everyday at six / home alone” (todo dia às seis / sozinho em casa). Entre a carência — “Baby I love you... You’re so satisfying” (baby, eu te amo... você me satisfaz tanto) — e sinais físicos — “your body’s talking to me” (seu corpo está falando comigo) — ele tenta provar que pode haver mais.

As expressões trazem duplo sentido: “come so easy” (vem tão fácil) e “I got it coming” (isso vai acontecer comigo) sugerem tanto acesso fácil quanto conotação sexual, reforçada por “I got it coming and it’s ecstacy” (isso vai acontecer e é êxtase). Para deslocar o foco do sexo para afeto, ele pede reciprocidade: “Why don’t you give me some time” (por que você não me dá um tempo). O escapismo guia as promessas — “faraway hot island” (ilha quente e distante), “New York City” (Nova York), “Paris, France” (Paris, França) — e a oferta de “home with me” (em casa comigo), como se viagens e um lar pudessem reescrever uma relação nascida na rua.

Nos bastidores, a faixa foi escrita para Bad, mas trocada por “Another Part of Me” por decisão de Quincy Jones e Frank DiLeo. Em 1994, Michael Jackson disse que a linha de baixo de “Streetwalker” virou base de “Dangerous”, com Bill Bottrell adicionando novos acordes. A demo de 2001 deixa isso claro: groove dançante, desejo insistente e uma fantasia de fuga que tenta virar compromisso.