They Don't Care About Us

Crítica social e resistência em "They Don't Care About Us"

"They Don't Care About Us", de Michael Jackson, se destaca pela abordagem direta e contundente ao denunciar a indiferença das autoridades e da sociedade diante da violência, do preconceito e da exclusão. O refrão repetido – “All I wanna say is that they don't really care about us” (“Tudo o que quero dizer é que eles realmente não se importam conosco”) – funciona como um grito de revolta, expressando o sentimento de abandono vivido por grupos marginalizados. A decisão de gravar um clipe nas favelas do Brasil e outro em uma prisão, ambos dirigidos por Spike Lee, reforça visualmente a ligação da letra com a realidade de comunidades oprimidas e vítimas de brutalidade policial, ampliando o impacto da crítica social da música.

A letra traz referências claras ao racismo, à violência policial e à injustiça judicial, como em “I'm the victim of police brutality, now” (“Sou vítima de brutalidade policial, agora”) e “Throw the brother in jail” (“Joguem o irmão na cadeia”). O uso de termos polêmicos, que gerou controvérsia, foi uma escolha consciente de Jackson para expor o preconceito de forma crua, não para perpetuá-lo, mas para escancarar sua existência – algo que ele explicou ao regravar partes da música após críticas. Ao mencionar figuras como Roosevelt e Martin Luther King Jr., Jackson sugere que líderes comprometidos com justiça social não tolerariam tais abusos, reforçando o apelo por mudança. O relançamento da música em 2020, durante os protestos do Black Lives Matter, mostra como sua mensagem segue atual, denunciando que, mesmo décadas depois, “eles ainda não se importam conosco”.