Morphine

A luta de Michael Jackson contra a dependência em “Morphine”

Em “Morphine”, Michael Jackson expõe de forma direta e intensa sua batalha contra a dependência de analgésicos. A repetição do verso “Demerol, Demerol, Oh God, he’s taking Demerol” (“Demerol, Demerol, oh Deus, ele está tomando Demerol”) destaca não só a gravidade do vício, mas também o desespero e a sensação de impotência diante da situação. O uso explícito do nome do medicamento, aliado ao clima sombrio da música, revela uma luta interna marcada por culpa, autodepreciação e a busca urgente por alívio da dor física e emocional.

O contexto em que a música foi criada é fundamental: Jackson enfrentava acusações graves e recorria a medicamentos para lidar com o estresse e a insônia. Isso aparece em versos como “Relax, this won’t hurt you / Before I put it in / Close your eyes and count to ten” (“Relaxe, isso não vai doer / Antes de eu aplicar / Feche os olhos e conte até dez”), que simulam o ritual de aplicação de opioides. A letra mistura sedução e anestesia, funcionando tanto como metáfora para a entrega ao vício quanto como crítica à medicalização excessiva. Frases como “Trust in me / Put all your trust in me / You’re doin’ morphine” (“Confie em mim / Coloque toda sua confiança em mim / Você está usando morfina”) personificam a droga como uma figura sedutora e traiçoeira, reforçando o ciclo de dependência. O tom cru da letra e a instrumentação agressiva fazem de “Morphine” um retrato honesto e perturbador do impacto da dependência química na vida de Michael Jackson.