Quiet

Resistência e empoderamento feminino em “Quiet” de Milck

“Quiet”, de Milck, destaca a recusa em aceitar o silêncio imposto por traumas e normas sociais, especialmente no verso “a one woman riot” (“um motim de uma mulher só”). Essa frase resume a ideia de resistência individual, mostrando que mesmo sozinha, uma mulher pode ser poderosa e provocar mudanças. A música foi inspirada por experiências pessoais da artista, como violência doméstica, depressão e anorexia, o que dá profundidade à letra. Nos versos “Put on your face / Know your place / Shut up and smile / Don’t spread your legs” (“Coloque sua máscara / Saiba seu lugar / Fique quieta e sorria / Não abra as pernas”), Milck denuncia comandos sociais e familiares que tentam controlar o corpo e a voz das mulheres, reforçando o silenciamento e a submissão.

A repetição de “I can’t keep quiet” (“Não posso ficar quieta”) funciona como um mantra de libertação, marcando o rompimento com o ciclo de silêncio e vergonha. O trecho “If I don’t say something, if I just lie still / Would I be that monster, scare them all away / If I let them hear what I have to say” (“Se eu não disser nada, se eu apenas ficar parada / Eu seria esse monstro, assustaria todos / Se eu deixasse ouvirem o que tenho a dizer”) revela o medo de ser julgada, mas também a necessidade de se expressar. A expressão “take that dry blue pill” (“tomar aquela pílula azul seca”) pode ser vista como uma crítica à medicalização do sofrimento, algo que Milck rejeita ao afirmar que precisa falar, mesmo que isso assuste. O refrão “Let it out now / There’ll be someone who understands” (“Coloque para fora agora / Haverá alguém que entende”) reforça a esperança de que, ao se expressar, outras pessoas também se sintam representadas. O sucesso da música durante a Marcha das Mulheres consolidou seu papel como símbolo de resistência e empoderamento coletivo.