HIPPIE

Contradições e busca por autenticidade em “HIPPIE” de Milo j

Em “HIPPIE”, Milo j explora a tensão entre aparência e essência ao se autodefinir como “hippie, aunque no parezco” (“hippie, embora eu não pareça”). Ele mostra que sua busca por autenticidade e liberdade não depende de estereótipos visuais, mas de valores pessoais. O artista rejeita o materialismo e a ostentação, como expressa em “Desconecto de ese ostento tonto que veo en sus cuentos” (“Me desconecto dessa ostentação boba que vejo nas histórias deles”), e valoriza conexões verdadeiras e a simplicidade. Esses temas, centrais ao movimento hippie, são reinterpretados por Milo j a partir de sua vivência urbana e atual. A repetição de “mismos ñeris, mi momento” (“os mesmos amigos, meu momento”) reforça a importância da lealdade e das amizades em sua trajetória, mesmo enquanto busca crescimento pessoal.

O contexto argentino aparece de forma sutil, especialmente ao abordar traumas e dificuldades: “Vida mala y gángsters que marcaron mi historia” (“Vida difícil e gângsteres que marcaram minha história”) pode ser lido tanto como experiência pessoal quanto como referência a períodos de violência e repressão no país, reforçado pelo videoclipe e pelo contexto do álbum. Em “Soy de donde ya no sopla el viento, por lo mínimo reviento” (“Sou de onde o vento já não sopra, por qualquer coisa explodo”), ele expressa a resistência de quem vem de um lugar marcado por adversidades. Ao longo da música, Milo j também reflete sobre autoconhecimento e aceitação, como em “Aún sigo en busca de amarme / Sin excusarme con soledad o rencor” (“Ainda sigo tentando me amar / Sem me desculpar com solidão ou rancor”), mostrando vulnerabilidade e desejo de amadurecimento. O tom direto e leve da letra, aliado à crítica social e à introspecção, faz de “HIPPIE” um retrato honesto das contradições e esperanças de uma geração em busca de sentido.