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LetraSignificado

    (Recitado)

    Na cuia das mãos
    trazemos o vinho e o pão,
    a luta e a fé dos irmãos,
    que o Corpo e o Sangue do Cristo serão.

    (Recitado)

    O ouro do Milho
    e não o dos Templos,
    o sangue da Cana
    e não dos Engenhos,
    o pranto do Vinho
    no sangue dos Negros,
    o Pão da Partilha
    dos Pobres Libertos.

    (Recitado)

    Trazemos no corpo
    o mel do suor,
    trazemos nos olhos
    a dança da vida,
    trazemos na luta,
    a Morte vencida.
    No peito marcado
    trazemos o Amor.
    Na Páscoa do Filho,
    a Páscoa dos filhos
    recebe, Senhor.

    (Coro-Cantado)

    Trazemos nos olhos,
    as águas dos rios,
    o brilho dos peixes,
    a sombra da mata,
    o orvalho da noite,
    o espanto da caça,
    a dança dos ventos,
    a lua de prata,
    trazemos nos olhos
    o mundo, Senhor!

    (Recitado)

    -Na palma das mâos trazemos o milho,
    a cana cortada, o branco algodão,
    o fumo-resgate, a pinga-refúgio,
    da carne da terra moldamos os potes
    que guardam a água, a flor de alecrim,
    no cheiro de incenso, erguemos o fruto
    do nosso trabalho, Senhor! Olorum!

    (Coro-Cantado)

    O som do atabaque
    marcando a cadência
    dos negros batuques
    nas noites imensas
    da Africa negra,
    da negra Bahia,
    das Minas Gerais,
    os surdos lamentos,
    calados tormentos,
    acolhe Olorum!

    (Recitado)

    -Com a força dos bracos lavramos a terra
    cortamos a cana, amarga doçura
    na mesa dos brancos.

    - Com a força dos braços cavamos a terra,
    colhemos o ouro que hoje recobre
    a igreja dos brancos.

    -Com a força dos braços plantamos na terra,
    o negro café, perene alimento
    do lucro dos brancos.

    -Com a força dos braços, o grito entre os dentes,
    a alma em pedaços, erguemos impérios,
    fizemos a América dos filhos dos brancos!

    (Coro-Cantado)

    A brasa dos ferros lavrou-nos na pele,
    lavrou-nos na alma, caminhos de cruz.
    Recusa Olorum o grito, as correntes
    e a voz do feitor, recebe o lamento,
    acolhe a revolta dos negros, Senhor!

    (Recitado)

    -Trazemos no peito
    os santos rosários,
    rosários de penas,
    rosários de fé
    na vida liberta,
    na paz dos quilombos
    de negros e brancos
    vermelhos no sangue.
    A Nova Aruanda
    dos filhos do Povo
    acolhe, Olorum!

    (Recitado)

    Recebe, Senhor
    a cabeça cortada
    do Negro Zumbi,
    guerreiro do Povo,
    irmão dos rebeldes
    nascidos aqui,
    do fundo das veias,
    do fundo da raça,
    o pranto dos negros,
    acolhe Senhor!

    (Coro-Cantado)

    Os pés tolerados na roda de samba,
    o corpo domado nos ternos do congo,
    inventam na sombra a nova cadência,
    rompendo cadeias, forçando caminhos,
    ensaiam libertos a marcha do Povo,
    a festa dos negros, acolhe Olorum!


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