
Ofertório
Milton Nascimento
Ritual de resistência e fé em "Ofertório" de Milton Nascimento
Em "Ofertório", Milton Nascimento faz uma crítica clara à exploração colonial ao contrapor o "ouro do Milho" ao "ouro dos Templos". Essa oposição destaca como as riquezas naturais e o trabalho dos negros foram apropriados pelas elites e pela Igreja, enquanto valoriza o fruto do trabalho coletivo e da terra. A canção transforma elementos tradicionais da liturgia católica, como o vinho e o pão, em símbolos da luta e da fé dos quilombolas, ressignificando o ritual religioso para celebrar a resistência, a dor e a esperança dos povos afro-brasileiros.
A letra traz referências históricas marcantes, como o "sangue da Cana" e o "sangue dos Engenhos", denunciando o sofrimento causado pela escravidão. Ao mesmo tempo, exalta a força e a criatividade dos negros na construção da cultura brasileira, evidenciada pelo destaque ao atabaque, aos batuques e à roda de samba. A menção a Zumbi, chamado de "guerreiro do Povo", conecta a música à memória dos líderes quilombolas e à luta contínua por liberdade. O uso de "Olorum", divindade suprema iorubá, reforça a fusão entre religiosidade africana e cristã, ampliando o sentido de comunhão e resistência. Assim, "Ofertório" se apresenta como um hino solene que celebra a fé, a dignidade e a luta dos descendentes de escravizados, propondo uma liturgia que reconhece e honra a história dos oprimidos.
O significado desta letra foi gerado automaticamente.



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