Alunar

Conflito entre sonho e realidade em “Alunar” de Milton Nascimento

Em “Alunar”, Milton Nascimento explora a tensão entre o desejo de sonhar e a necessidade de permanecer conectado à realidade. O termo "alunar", criado a partir de "lua", representa a vontade de se afastar do cotidiano e buscar algo mais etéreo, enquanto "aterrar" remete ao retorno à segurança do lar e à rotina. Essa dualidade aparece claramente no verso “lá em casa minha mãe não parou de pensar”, onde o cuidado materno simboliza a preocupação com o futuro e a estabilidade, mesmo quando o personagem da música se permite oscilar entre o sonho e a realidade.

A influência do Clube da Esquina, movimento do qual Milton Nascimento fez parte, está presente na atmosfera introspectiva da canção. Imagens como “o sol vertical” e “fogaréu vertical” evocam tanto a intensidade da vida quanto a fugacidade dos sonhos. O verso “só morrer é seguro” destaca a incerteza da existência, sugerindo que apenas a morte é uma certeza, enquanto o restante da vida é marcado por dúvidas. Elementos como “anjos de cristal” e “velharia lá de casa” misturam inocência, memória e nostalgia, reforçando o tom contemplativo da música. O refrão “tudo em paz com nosso amor” e “não me esqueço de vocês” ressalta a importância dos laços afetivos, mesmo diante das incertezas e da transitoriedade da vida.