Essa Voz

A força da memória e da coletividade em “Essa Voz”

Em “Essa Voz”, Milton Nascimento faz uma homenagem marcante à presença feminina na música brasileira, destacando especialmente a voz de Elis Regina. A participação de Elis não é apenas um tributo, mas simboliza a continuidade e a força das vozes femininas que resistem ao esquecimento. Quando Milton canta “Não se apaga, não se cala essa / Não se esquece, permanece essa voz”, ele reforça que vozes como a de Elis transcendem o tempo, tornando-se referências eternas de esperança e coragem. O verso “Ela é humana e é divina essa voz / Nossa amiga não parou de cantar / Ela é a voz de todos nós” amplia esse sentido, mostrando que essa voz representa tanto uma experiência individual quanto coletiva, sendo capaz de unir sentimentos e sonhos compartilhados.

Na segunda parte da música, Milton volta seu olhar para a mulher de forma geral, celebrando sua força, paixão e fé: “Não se apaga, não se cala mulher / O seu sorriso, o seu sonho, a fé”. Ele reconhece o papel fundamental das mulheres que, ao longo da vida, “lapidam a canção”, ou seja, constroem e mantêm viva a cultura, a esperança e o amor. A inclusão do trecho de “O Que Foi Feito de Vera”, interpretado por Elis Regina, aprofunda o tom nostálgico e reflexivo, questionando o destino dos sonhos e do amor, mas sem perder o espírito de celebração e resistência. Assim, “Essa Voz” se transforma em um hino à coletividade, à memória e à inspiração deixada pelas grandes vozes femininas, convidando todos a valorizar e manter vivas essas referências.