Prenda Faceira
Milton Sica
Cordeona, prenda faceira
Choramingona e manhosa
Que se requebra dengosa
Entre a carícia dos dedos
Te para embodocada
A retoçar em meneios
Parindo ternos floreios
Retovados de segredos
Abre a gaita, espicha o fole
Puxa o baile a noite inteira
Não tem nada, não tem nada
No compasso da vaneira
Quando te desendorilhas
Como a pedir um abraço
A soltar notas no espaço
No lombo da querumana
Tirando brocas de cascos
E a cicatrizar basteiras
Lembra carpas de carreiras
De antigos fins de semana
Recordas beijos rompendo
O alambrado dos desejos
Quando entropilha solfejos
No corredor das hileras
Teu som paleteando a pampa
Num contraponto ponto à flexilha
Tem cheiro de maçanilha
Mesclado a erva-cidreira
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