Sob o Luar do Campestre
Milton Sica
Quando eu me acordo bem cedinho
Eu já pego o meu caminho
Porque estão a me esperar
Sigo ali tenteando o Sol que abre
E a saudade faz alarde
Pra voltar pro meu lugar
Quando já tem gato e cachorro
Esperando lá no morro
E não posso me atrasar
O almoço já está servido
Mas o mate tá comprido
E aquece a voz para cantar
É assim que a nossa amizade
Avançou pela idade
E a vida veio abraçar
E esse tempo todo foi passando
E o afeto no comando
Trouxe causos pra contar
Tem a brisa que banha a barragem
E essa é a nossa homenagem
Nos olhares a garoar
Quando a memória vem do peito
Me alegra deste jeito
Que me ponho a cantar
Reencontro com o seu Betinho
Que está aqui do meu ladinho
Buscando versos pra rimar
Ele aparece num sorriso
E é disso que eu preciso
Para me emocionar
Nasce uma milonga ligeirinha
Com os encantos da Santinha
Para nos arrebatar
Quando chego lá na minha casa
O coração já bate asas
E me ponho a voar
Histórias vão assim se refazendo
Mesmo que se vá vivendo
No tranco que o destino dá
Por que é assim que a gente leva
Esta saudade maleva
Só matamos ao cantar
Este canto é azul-celeste
E nasceu lá no Campestre
Entre cerros e luar
Recebe o abraço que eu te trago
Nesta viola, o meu arado
De afetos semear
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