Encmenda de Terra

Tradição e saudade em "Encmenda de Terra" de Mirri Lobo

Em "Encmenda de Terra", Mirri Lobo transforma a saudade e o orgulho pela terra natal em uma lista de "encomendas" típicas, como grogue, pontche, bolacha, atum e percebes. Esses produtos vão além de simples lembranças materiais: representam o sabor, o cheiro e a memória de Cabo Verde, funcionando como um elo afetivo entre quem está longe e suas raízes.

A música adota um tom descontraído e cotidiano, refletindo o costume dos emigrantes cabo-verdianos de pedir a amigos ou familiares que tragam produtos típicos quando viajam. Ao repetir "Nkmenda de térra" e citar nomes como Djodje e Djo Palavra, Mirri Lobo cria uma narrativa próxima do cotidiano popular, cheia de humor, cumplicidade, carinho e pertencimento. O verso “Mi é rusga di sertéza / Bo podê manda bóka” reforça a confiança e a intimidade entre quem pede e quem traz as encomendas, mostrando que, mais do que objetos, o que se compartilha é a certeza de laços fortes e a vontade de manter viva a cultura cabo-verdiana, mesmo à distância. Assim, a música celebra tanto a riqueza das tradições quanto a importância das relações pessoais na preservação da identidade.