Happy

A efemeridade da felicidade em "Happy" de Mitski

Em "Happy", Mitski transforma a felicidade em um personagem passageiro, quase como um amante que chega trazendo pequenos prazeres, mas cuja presença é sempre temporária. A artista ilustra isso em versos como “He bought cookies on the way / I poured him tea” (Ele comprou biscoitos no caminho / Eu servi chá para ele), mostrando como a felicidade traz momentos agradáveis, mas logo vai embora, deixando para trás não só lembranças, mas também uma bagunça emocional e física. Mitski já declarou que enxerga a felicidade como algo que "te fode" e inevitavelmente parte, o que se reflete no verso “So he laid me down / And I felt happy, come inside of me” (Então ele me deitou / E eu senti a felicidade entrar em mim). Aqui, o prazer é intenso, mas rapidamente substituído pelo vazio e pela necessidade de lidar com as consequências da ausência desse sentimento.

A música também aborda o ciclo de expectativas e frustrações. O pedido para que a felicidade, ao partir, “take the train / So I can hear it rumble, one last rumble” (pegue o trem / Para que eu possa ouvir o barulho, um último barulho) revela o desejo de ao menos ter um aviso antes do retorno à solidão. O refrão reforça a ideia de que, sem felicidade, o coração perde sua utilidade: “I'll make no more use of it when there's no more you” (Não farei mais uso dele quando não houver mais você). O videoclipe, ambientado nos anos 50 e marcado por suspeitas e violência, reforça visualmente a mensagem da música: a felicidade pode ser ilusória e sua ausência deixa rastros difíceis de limpar, como os “cookie wrappers and the empty cups of tea” (embrulhos de biscoito e xícaras de chá vazias). A sonoridade crescente da faixa acompanha essa montanha-russa emocional, tornando a experiência de ouvir "Happy" tão intensa quanto a busca pela felicidade retratada na letra.