Square

A busca por pertencimento e frustração em “Square”

Em “Square”, Mitski utiliza a imagem de um quarto perfeitamente organizado para ilustrar a sensação de inadequação e deslocamento da narradora diante de alguém emocionalmente rígido e previsível. O ambiente, onde “tudo está em seu devido lugar”, funciona como metáfora para a estrutura interna do interesse amoroso, sugerindo que não há espaço para diferenças ou espontaneidade. Quando a narradora se pergunta “I wondered what space would I take / In the order you kept” (Fiquei pensando que espaço eu ocuparia / Na ordem que você mantinha), ela revela o esforço de se encaixar nesse universo, mesmo que isso implique abrir mão de sua própria identidade.

Esse esforço fica ainda mais claro quando ela tenta adotar os hábitos da namorada do amado, como “just tea in the night” (apenas chá à noite), mas acaba sentindo fome e insônia. Isso simboliza a autonegação e o desconforto de tentar ser alguém que não é. O refrão “I tried my hardest, for I'd never learned / God's very simple and love shouldn't burn” (Eu tentei o máximo, pois nunca aprendi / Deus é muito simples e o amor não deveria queimar) mostra a crença de que o amor deveria ser fácil, contrastando com a dor real vivida. A metáfora da neve – “Maybe it's all of these snowflakes, screaming / A choir of mute” (Talvez sejam todos esses flocos de neve, gritando / Um coral de mudos) – reforça a ideia de sentimentos reprimidos e sofrimento silencioso. O final, com a despedida fria e a frase “Silly me, waiting” (Boba eu, esperando), evidencia a solidão e a frustração de quem nunca foi realmente acolhido.