Coração Agreste

Retorno e autoconhecimento em “Coração Agreste” de Moacyr Luz

“Coração Agreste”, de Moacyr Luz, explora o retorno às origens como um processo marcado por sentimentos contraditórios: reencontrar o passado pode trazer tanto antigas dores quanto oportunidades de renovação e autoconhecimento. O verso “Regressar é reunir dois lados / À dor do dia de partir / Com seus fios enredados / Na alegria de sentir” mostra como saudade e felicidade se misturam quando alguém volta para casa. A canção, composta em parceria com Aldir Blanc e eternizada na voz de Fafá de Belém como tema da novela “Tieta”, reforça essa ideia de reconciliação com o passado, refletindo a própria trama da novela, centrada no retorno da protagonista à sua terra natal.

A letra traz imagens marcantes, como em “O anzol dessa paixão me machucou / Hoje sou peixe / E sou meu próprio pescador”. Aqui, o “anzol” simboliza as marcas deixadas por amores e escolhas, enquanto ser “peixe e pescador” indica amadurecimento e autonomia: a pessoa aprende a lidar com suas emoções e a conduzir seu próprio destino. O trecho “Com flores de algodão / No coração do agreste” faz referência ao interior nordestino, evocando tanto delicadeza quanto resistência de quem retorna ao seu lugar de origem. Assim, “Coração Agreste” transforma a saudade em força e felicidade, como expressa em “Fiz de uma saudade / A felicidade pra voltar aqui”, celebrando o ciclo de partir e voltar como parte essencial do crescimento pessoal.