Ingrata (part. Calijohn, Xuxu Bower, Lipesky, Deksz James e Lil Mendez)

“Ingrata (part. Calijohn, Xuxu Bower, Lipesky, Deksz James e Lil Mendez)”: ruptura e auto-respeito

O refrão “Foste ingrata” soa menos como xingamento e mais como veredito que encerra um ciclo. O estalo vem em “Fui pra ti o que nunca fui para mim” / “Já cansei de não ser quem eu sou”: ele percebe que se perdeu tentando agradar, e daí nasce o desapego (“Me deixa alone” (me deixa sozinho) / “prefiro tar só”). A narrativa é direta: ele investiu tudo (“abdicar de todo o meu hustle” (meu corre)), recebeu mentiras e traição (“Não basta aturar inúmeras mentiras / Ainda me traíste”) e, por isso, corta o laço: “Apaga o meu número de telefone”. O clima mistura dor e lucidez: a repetição de “ingrata” cristaliza a quebra de confiança, e a decisão final é não repetir os erros, mesmo com a tentação do retorno (“sei que tu vais voltar”).

A letra contrasta amor com barganha: “Ele te deu o que ele podia enquanto eu te dei tudo aquilo que tinha” e “tu tiveste um preço em vez de valor” expõem uma relação transacional. As imagens são claras: “desfizeste todo nosso nó” aponta o compromisso desfeito; “pus a mão no fogo, queimei-me por ti” traduz a confiança cega que dói; “inauguraste a minha lista negra” marca o bloqueio definitivo. As gírias situam a cena: “wy/wi” indica o outro cara; “txilar com os niggaz” (relaxar com os amigos) pede espaço; “me apanhaste a pata” sugere que ela o pegou na fraqueza/enganou. Ele também assume os próprios vacilos (“eu burro… pronto pra dar outra chance”), mas fecha no auto-respeito: “eu não cometo mais… meu sossego ninguém traz”. No fim, “Ingrata (part. Calijohn, Xuxu Bower, Lipesky, Deksz James e Lil Mendez)”, do Mobbers, é ruptura e aprendizado sem rancor, com limites bem definidos.