Trafulha

Resistência e identidade periférica em “Trafulha” de Monsta

Em “Trafulha”, Monsta ressignifica a palavra que, na gíria, significa trapaça ou desonestidade, transformando-a em símbolo de resistência e orgulho para quem enfrenta adversidades sociais. O rapper retrata o cotidiano de bairros periféricos, destacando situações como a mãe que se esforça ao máximo para pagar o aluguel e o primo que sofre as consequências da violência. Esses exemplos mostram a dureza da sobrevivência e a necessidade de buscar alternativas para garantir o sustento.

No refrão, “Mundo me vê trafulha nigga / Sexo tatoos e bula nigga”, Monsta assume a identidade marginalizada imposta pela sociedade, mas a utiliza como forma de autoafirmação e fuga das dificuldades, seja pelo prazer, ostentação ou rebeldia. A letra também critica a hipocrisia de quem julga sem conhecer a realidade das ruas, especialmente rappers de origem privilegiada, como em “Safoda a vossa caneta, rappers de discoteca”. Monsta evidencia o contraste entre os valores do “vosso mundo” e do “nosso mundo”, mostrando que dignidade e respeito podem existir mesmo em contextos de marginalização. Ao adotar o termo “trafulha”, o artista denuncia a exclusão social e celebra a criatividade e resiliência de quem sobrevive à margem, transformando o estigma em motivo de orgulho coletivo.