Comprendo

Dilemas modernos e sinceridade em "Comprendo" de Morad

"Comprendo", de Morad, destaca-se pela sinceridade ao abordar os conflitos das relações atuais. Logo no início, o verso “Comprendo, no te entiendo” (“Entendo, mas não te entendo”) resume a ambiguidade do eu lírico, que reconhece a situação, mas não consegue compreender totalmente a outra pessoa ou a si mesmo. Esse sentimento reflete o contexto urbano e contemporâneo, onde a comunicação é marcada por ruídos e desconfianças, como quando ele diz: “se fija en el móvil qué estoy haciendo / Pa' ver si con otra me ve hablando” (“ela fica de olho no celular para ver o que estou fazendo / para ver se me vê falando com outra”). Morad expõe aqui a insegurança e o ciúme comuns em relações marcadas por experiências passadas e pelo medo de se comprometer.

A música também explora a mistura entre vulnerabilidade e autodefesa. Morad admite não ser “amoroso” e valoriza a liberdade, como mostra em “Si cazo no me caso / A eso de la boda no le hago caso / Prefiero estar solo sin rechazo” (“Se eu pego, não caso / Não ligo para esse negócio de casamento / Prefiro estar sozinho sem rejeição”). Apesar disso, ele mantém o desejo de conexão, mas sempre deixando claro que tudo é negociável: “Si tú quieres nos vemo', si tú quieres no hablamo'” (“Se você quiser, a gente se vê, se quiser, não conversamos”). O artista ainda destaca a força e independência da parceira, mostrando o equilíbrio de poder na relação. No fim, "Comprendo" retrata de forma direta as dúvidas, vontades e limites das relações modernas, valorizando a honestidade sobre os próprios sentimentos, mesmo quando não se tem todas as respostas.