Não Acorde o Neném

Memória e afeto em “Não Acorde o Neném” de Moreno Veloso

“Não Acorde o Neném”, de Moreno Veloso, se destaca pela forma sensível com que aborda a saudade e a nostalgia, usando imagens do universo infantil para suavizar sentimentos de ausência. Inserida no álbum “Coisa Boa”, dedicado à esposa e aos filhos, a música cria uma atmosfera acolhedora e familiar, funcionando como um acalanto moderno onde memória e afeto se misturam. Referências como “tempo da vovó” e menções à solidão da infância sugerem uma busca por conforto e proteção, enquanto a expressão “paciência de filó” destaca a delicadeza e fragilidade dos laços afetivos, comparando-os ao vidro que “se quebrou”.

A repetição do verso “foi, foi só saudade” atua como um mantra tranquilizador, tornando a dor da ausência mais leve, quase como um sussurro para não perturbar o sono da criança. O trecho “a saudade que passa / não acorda o neném” resume a proposta da canção: as lembranças existem, mas não devem perturbar o presente sereno, simbolizado pelo sono do neném. O arranjo, com choro alegre e palmas sincopadas, reforça a intenção de tratar temas profundos com suavidade, tornando a música acolhedora tanto para adultos quanto para crianças. A presença da canção na trilha de “Boyhood” evidencia seu poder universal de evocar memórias e afetos ligados ao crescimento e à passagem do tempo.