Acabei de Terminar

Após o fim, limites e autocuidado em “Acabei de Terminar”

“Acabei de Terminar” gira em torno de um limite emocional nítido: depois de um término recente, o eu lírico prefere segurar a onda para não virar “só um esquema”. Em vez de ceder à carência, ele aposta em autoconsciência e cautela. O verso “minha vontade só tá perdendo pro medo” concentra o conflito entre desejo e autoproteção, enquanto pedidos como “vai com calma aí, moça” e “me fale aí se vale a pena” pedem ritmo, leitura de contexto e respeito ao tempo de cura.

Como bom arrocha de Nadson o Ferinha, a letra é direta, cheia de gírias e clima de conversa — algo que combina com seu estilo popular e performático desde Sergipe. Até o adlib “Repertório pesado demais” puxa o ambiente de show. A vulnerabilidade aparece sem rodeios em “Igual criança, assim, facin’ de enganar”. Já “esquema” (gíria para ficada casual) e “você tem cara de problema” operam em duplo sentido: flerte e alerta ao mesmo tempo. Ao repetir “me conhece primeiro, que eu não tô 100%”, ele estabelece limites, alinha expectativas e reforça consentimento. No fim, é uma canção de pós-término sobre pausar, ser honesto e evitar repetir o ciclo de machucar e se machucar — uma sofrência com pé no chão que ajuda a explicar por que Nadson estourou e consolidou seu nome no gênero.