Meu Afeto É Obsceno

Desejo e vulnerabilidade em “Meu Afeto É Obsceno”

“Meu Afeto É Obsceno”, de NandaTsunami, aborda de forma direta a tensão entre desejo intenso e conflito interno. O título já sugere essa dualidade: o afeto é forte, quase transgressor, e a letra explora o limite entre entrega e autocontrole. No trecho “Eu quero ser na sua estante / Objeto do seu afeto / De um modo tão obsceno que / Me olhar e imaginar / Pareça errado”, a artista expressa o desejo de ser vista e desejada de maneira quase proibida, ao mesmo tempo em que revela a vulnerabilidade de ocupar esse papel. O contexto do álbum, que fala sobre as fases do amor e da cura, reforça que essa relação faz parte de um ciclo emocional onde prazer e dor se misturam e alimentam a experiência afetiva.

A canção mistura sensualidade e confissão, como nos versos “Meu afeto é obsceno / Meu carinho é devasso / O meu amor é quente e raso”, deixando claro que o envolvimento é intenso, mas não necessariamente profundo ou duradouro. Metáforas como “Quero que me toque / Como as cordas de um violão” mostram a busca por conexão física e emocional, mas sempre com consciência dos próprios limites e da natureza passageira do momento. O refrão “Então não pergunta / Só me beija / Só me sente / Não me esqueça” reforça a recusa em rotular ou racionalizar o sentimento, preferindo viver a intensidade do presente. A participação de Deiiv e brenn!n traz novas camadas à produção, ampliando a sensação de múltiplas vozes e perspectivas nesse jogo de desejo e entrega.