Solta

Desejo, poder e liberdade feminina em “Solta” de NandaTsunami

“Solta”, de NandaTsunami, aborda de forma direta a tensão entre desejo, liberdade e o papel social da mulher em relações marcadas por traição e ambiguidade. O verso “De calcinha da Fendi, eu saí pronta pro ataque” vai além da provocação sensual: representa autonomia e poder, mostrando a protagonista como agente do próprio desejo. Ela desafia padrões de submissão e assume sua sexualidade sem pedir desculpas, confrontando julgamentos e expectativas de pureza feminina.

O contexto do álbum, que trata de fases do amor e da cura, reforça que essa postura "solta" faz parte de um processo de autoconhecimento e libertação. A personagem se permite ser “louca”, “mentirosa suja” e “putinha de pouca roupa”, assumindo suas escolhas e enfrentando o olhar crítico da sociedade. A letra também revela um jogo de poder e vulnerabilidade: mesmo independente, a protagonista busca validação, como no trecho “Que lembre que por um segundo eu fui o amor da sua vida”. O contraste com a “outra” – a mulher que “não frequenta esses lugares”, “te espera em casa” – evidencia o conflito entre o desejo de ser escolhida e a recusa em se encaixar no papel tradicional. O refrão “Porque que você me deixa tão solta?” traz duplo sentido, questionando tanto a liberdade dada pelo parceiro quanto a sensação de abandono. Assim, a música mistura confissão, provocação e crítica social, traduzindo em versos diretos a complexidade das relações e do feminino contemporâneo.