Preso no Espelho
Napoleão de Hospício
Por trás da tela sempre é primavera
Alheia a realidade a vaidade governa
Mercadores de ilusões, humanos perfeitos
Felicidade fabricada na ponta dos dedos
Condição para a existência na tela
Existência da necessidade cega
Ar de pompa, áureo esplendor
A façanha do herói, a jornada de um vencedor
O frenesi das selfies, o protagonista do mundo
A veste do bom vivante com uma vista de fundo
Audiência é tudo, é tudo que se quer
O deslumbre pela aparência de tudo o que não é
E o tempo não se deixa ver
Tal universo passa a ser a cela
Preso num espelho que nunca se quebra
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