Cli-clê-clô

A Poética das Quimeras e Clarões em 'Cli-clê-clô' de Nara Leão

A música 'Cli-clê-clô' de Nara Leão é uma obra rica em metáforas e simbolismos, que explora temas de amor, desejo e a busca por significado. A letra é composta por uma série de imagens poéticas que evocam sentimentos de nostalgia, esperança e introspecção. A repetição das sílabas 'cli', 'clê' e 'clô' cria um ritmo quase hipnótico, que convida o ouvinte a mergulhar nas profundezas das emoções humanas.

No primeiro verso, 'Cli, eu penso em quimera', a palavra 'quimera' remete a algo ilusório, um sonho ou desejo inatingível. A sequência 'Clô, acabado, fechado' sugere um ciclo que se encerra, enquanto 'Clê, passarinho quero-quero' traz uma imagem de liberdade e leveza. A alternância entre claridade e escuridão, como em 'um claro, um clarão', reflete a dualidade da vida e das emoções.

A segunda estrofe continua a explorar essa dualidade com 'clivagem, clima seco' e 'Lua nova, a origem de tudo'. A Lua, frequentemente associada ao feminino e ao mistério, é aqui um símbolo de renovação e começo. O 'Pôr-do-Sol, coragem, partida' sugere um momento de transição, onde a coragem é necessária para enfrentar o desconhecido. A repetição de 'ida e volta, volta e ida' reforça a ideia de ciclos e a constante mudança.

No refrão, a letra se torna mais pessoal e íntima, com versos como 'Ciclâmen, meu bem, me chame' e 'Me ame, chame o meu nome'. O uso de 'ciclâmen', uma flor que simboliza amor e sinceridade, reforça o tema do amor verdadeiro e profundo. A música termina com um apelo à reciprocidade e à união, 'Me espere, eu vou com você', sugerindo que, apesar das incertezas e mudanças, o amor e a conexão humana são constantes que nos guiam.