Amarok - Zorn des Lammes Part III

Dualidade e autonomia em “Amarok - Zorn des Lammes Part III”

A música “Amarok - Zorn des Lammes Part III”, da banda Nargaroth, explora de forma direta a recusa do narrador em aceitar rótulos impostos pela sociedade e pela religião. O verso “I am the wolf. I am the lamb. So I am Satan in thy wrath” (“Eu sou o lobo. Eu sou o cordeiro. Então eu sou Satanás em tua ira”) resume a dualidade central da canção: o protagonista se reconhece tanto como o lobo, símbolo de independência e rebeldia, quanto como o cordeiro, associado à submissão e pureza. Essa identificação com extremos opostos não é apenas simbólica, mas serve para questionar a rigidez das categorias de bem e mal, defendendo a liberdade de ser múltiplo e contraditório.

A repetição de “Call me a judas, call me insane. But I am what I am, I'm just a man” (“Me chame de Judas, me chame de louco. Mas eu sou o que sou, sou apenas um homem”) reforça o repúdio do narrador aos julgamentos externos, especialmente àqueles que o acusam de traição ou insanidade. A referência a Judas, tradicionalmente visto como traidor, sugere resistência às normas estabelecidas e destaca a complexidade das escolhas individuais diante de sistemas opressivos. O título em alemão, “Zorn des Lammes” (“Ira do Cordeiro”), e a frase “I have seen the wrath of the lamb” (“Eu vi a ira do cordeiro”) mostram que até figuras associadas à inocência podem expressar fúria e rebelião. Assim, a música se apresenta como um manifesto de autonomia, defendendo o direito de ser imperfeito, contraditório e livre.