Proibidão

Realidade e ostentação no cotidiano de "Proibidão"

"Proibidão", do Nectar Gang, retrata de forma direta e sem filtros o cotidiano das favelas cariocas, mergulhando no universo do funk proibidão. A música expõe a convivência diária com o crime, o consumo de drogas e a ostentação, elementos centrais na vida de muitos jovens das comunidades. Um ponto importante da letra é a forma como ela mistura a dureza do tráfico com o prazer do baile, mostrando que o baile é, ao mesmo tempo, uma fuga da realidade e uma reafirmação de poder e identidade para quem vive à margem.

A letra traz referências explícitas ao crime, como "artigo 157" (roubo) e "777 da sede tudo seven", usando códigos e gírias típicos das comunidades. Trechos como “Semana passada tive que matar um menor que foi cria comigo” mostram a violência e a tensão constantes, enquanto versos como “Nada dá mais prazer, que o lazer de ver essas bunda no baile dançando” revelam o papel do baile como espaço de desejo e ostentação. Símbolos como tênis de marca, armas, drogas e mulheres aparecem como sinais de status, mas também de um ciclo vicioso, sintetizado na frase: “O perigo vicia igual buceta, buceta vicia igual droga, droga dá dinheiro, dinheiro dá droga e buceta”. Assim, a música apresenta o baile como um lugar onde lazer, perigo, desejo e afirmação de identidade se misturam. Sem fazer apologia, "Proibidão" expõe a realidade dura e complexa de quem vive à margem, usando uma linguagem direta e urbana para mostrar tanto o glamour quanto o peso desse cotidiano.