Raízes (part. Rael)

Orgulho e resistência negra em “Raízes (part. Rael)”

“Raízes (part. Rael)”, de Negra Li, aborda de forma direta a diferença entre a dor histórica do povo negro e as dores consideradas superficiais por quem nunca enfrentou o racismo. O refrão “Minha dor é de cativeiro / A sua é de cotovelo” deixa claro esse contraste, mostrando como o sofrimento causado pela escravidão e pelo preconceito é profundo e não pode ser comparado a questões pessoais do cotidiano. A música também critica quem zomba da identidade negra, como nos versos “Você ri da minha pele / Você ri do meu cabelo”, e valoriza a ancestralidade ao citar a “Rainha de Sabá” e ao tratar o cabelo como coroa, símbolos de orgulho das origens africanas.

O lançamento no Dia da Consciência Negra e as referências a figuras como Teresa de Benguela, Mandela e Jovelina, além de lugares como Luanda e Wakanda, reforçam o sentimento de resistência e conexão com a ancestralidade. Negra Li celebra a força coletiva e a superação, mostrando que, apesar das tentativas de silenciamento e violência (“já foi a Senzala, já tentaram bala”), a cultura e a voz negra seguem vivas e inspiradoras. A mistura de elementos africanos com sons modernos na produção musical destaca a continuidade e a reinvenção das raízes, fazendo de “Raízes” um símbolo de orgulho, luta e esperança para a comunidade negra brasileira.