Ângela

Celebrando a beleza negra e a identidade em “Ângela”

Em “Ângela”, Neguinho da Beija-Flor utiliza a expressão “negro anjo” para exaltar a beleza e a força da mulher negra, invertendo símbolos tradicionais da cultura ocidental, onde anjos costumam ser representados como figuras brancas. Ao chamar Ângela de “anjo negro”, o artista desafia padrões estéticos e culturais, transformando a negritude em algo divino e digno de admiração. Essa escolha reforça o papel da canção como um marco na carreira de Neguinho da Beija-Flor e na música brasileira, especialmente por valorizar a cultura afro-brasileira e a feminilidade negra.

A letra transmite uma admiração profunda e quase inacreditável pela beleza de Ângela, como nos versos “É brilho demais para um só olhar / É inspiração demais, é muita lira”. Metáforas como “senhora menina, menina senhora” mostram a complexidade da mulher retratada, unindo maturidade e juventude em uma só pessoa. O trecho “Aquele corpo inteiro me deixou cabreiro / E este instinto masculino vive a me cobrar” revela o desejo do eu lírico, mas sempre com respeito e fascínio, indo além do aspecto físico e alcançando o espiritual e simbólico. Assim, “Ângela” se destaca como uma homenagem à beleza negra, ao orgulho e à valorização da identidade afro-brasileira, transmitindo sentimentos de admiração, respeito e celebração.