Sertaneja

Humildade e esperança no amor em "Sertaneja" de Nelson Gonçalves

Em "Sertaneja", Nelson Gonçalves expressa humildade ao afirmar: “os passarinhos cantam mais do que eu”. Essa frase mostra o reconhecimento dos limites humanos diante da natureza e destaca o respeito do narrador pelo poder de consolo que ela oferece, algo que ele sente não conseguir proporcionar totalmente à mulher amada. Mesmo sendo um cantor famoso, o eu lírico se coloca abaixo dos pássaros, reforçando o tom sincero e afetuoso da canção e aproximando o ouvinte da simplicidade do campo e da pureza dos sentimentos.

A letra gira em torno do desejo de aliviar a tristeza da amada, usando imagens como “roubar um diadema lá no céu pra te ofertar” e “erguer tua igreja, dentro dela o teu altar”. Essas metáforas mostram a vontade de transformar o sofrimento em cuidado e devoção, colocando a amada em um lugar quase sagrado. O refrão, ao perguntar “Sertaneja, por que choras quando eu canto?”, sugere que o canto, mesmo sendo uma homenagem, não é suficiente para consolar totalmente. Isso reforça a ideia de que o verdadeiro consolo pode estar além das palavras e da música, talvez na própria natureza ou em um novo começo juntos, como indica o verso final: “Construir lá noutras terras um ranchinho pra nós dois”. O tom nostálgico e suave da canção, aliado à simplicidade das imagens, faz de "Sertaneja" uma declaração de amor marcada por esperança, humildade e o desejo de felicidade compartilhada.