Fita Amarela

Humor e crítica social em "Fita Amarela" de Nelson Gonçalves

"Fita Amarela", interpretada por Nelson Gonçalves e composta por Noel Rosa, se destaca pelo modo irônico e bem-humorado com que aborda a própria morte. Em vez de lamentar o fim da vida, o narrador transforma o velório em uma verdadeira celebração, subvertendo a tradição do luto. O pedido por uma "fita amarela gravada com o nome dela" mostra um toque de romantismo e, ao mesmo tempo, um humor sutil, ao valorizar um símbolo simples e afetivo em vez dos rituais fúnebres convencionais. O desejo de ouvir "choro de flauta com violão e cavaquinho" e de ver "a mulata sapateasse no meu caixão" reforça essa postura descontraída, sugerindo que a despedida deve ser marcada por música e alegria, elementos centrais do samba e da boemia carioca.

A canção também traz uma crítica social, característica do olhar de Noel Rosa. Ao mencionar os "inimigos que hoje falam mal de mim" e que, após a morte, "vão dizer que nunca viram uma pessoa tão boa assim", a letra ironiza a hipocrisia social, em que até desafetos se tornam elogiados depois da morte. Essa crítica é apresentada de forma leve e espirituosa, tornando "Fita Amarela" uma canção atemporal, que equilibra humor, emoção e reflexão sobre as convenções sociais.