O Astronauta de Mármore

Reflexão sobre isolamento e mudança em “O Astronauta de Mármore”

O título “O Astronauta de Mármore” traz uma ambiguidade marcante: enquanto o mármore pode sugerir frieza, imobilidade ou até uma referência indireta ao uso de drogas, como apontam algumas interpretações, a letra foca principalmente em sentimentos de isolamento, transformação e busca por sentido. A versão do Nenhum de Nós, aprovada por David Bowie, mantém o tom reflexivo e melancólico de “Starman”, mas adapta para o contexto brasileiro uma sensação de distanciamento e saudade, evidente em versos como “Vou chorar sem medo / Vou lembrar do tempo / De onde eu via o mundo azul”. O “mundo azul” faz referência à Terra vista do espaço, simbolizando a nostalgia de um tempo mais simples ou de uma inocência perdida.

A música narra a experiência de alguém que retorna de uma jornada transformadora e não consegue mais se encaixar como antes: “Não era mais o mesmo / Mas estava em seu lugar”. O astronauta, ao voltar, carrega as marcas da solidão do espaço, onde “a solidão é tão normal” e o “lado escuro da Lua é sempre igual”. Essa metáfora pode ser entendida tanto como uma viagem literal quanto como a vivência de mudanças profundas que causam estranhamento ao retornar à rotina. O refrão “O tolo teme a noite / Como a noite vai temer o fogo” mostra que o medo do desconhecido é natural, mas pode ser superado, reforçando a ideia de amadurecimento e enfrentamento das próprias sombras. A melodia e a letra criam uma atmosfera de melancolia, esperança e aceitação das transformações inevitáveis da vida.