El Olvidao

Resistência e esperança dos esquecidos em “El Olvidao”

"El Olvidao", de Nestor Garnica, destaca a condição dos marginalizados, transformando o esquecimento em símbolo de resistência e dignidade. O verso “Soy el olvida'o en la alcancía del tiempo” mostra o sentimento de ser deixado para trás pela história, mas também a consciência de fazer parte de um grupo frequentemente ignorado pelo progresso e pela distribuição de riquezas. Imagens como “Flor obrera soy” e “Silvestre de espumas” reforçam a identidade do trabalhador humilde, ligado à terra e à simplicidade, mas que carrega beleza e força mesmo diante da exclusão.

A música se inspira na realidade das periferias argentinas, conectando-se a trechos como “Mi bofe se hinchó cuando repartieron / De mí, no se acuerdan / Dicen que nunca me vieron” (Meu peito se encheu quando repartiram / De mim, não se lembram / Dizem que nunca me viram), que denunciam a injustiça social e o sentimento de invisibilidade. Apesar da denúncia, a letra também traz esperança e luta, como em “Se puso de pie tragando tierra y saliva / Camino hacia el Sol para curar las heridas” (Levantou-se engolindo terra e saliva / Caminha em direção ao Sol para curar as feridas), destacando a resiliência de quem busca um futuro melhor. O refrão “Levántate, cagón / Que aquí canta un argentino” (Levante-se, covarde / Aqui canta um argentino) convoca à ação e ao orgulho, transformando a dor do esquecimento em força coletiva. Assim, a música equilibra denúncia, resistência e esperança, tornando-se um hino para todos que lutam por reconhecimento e justiça.