Pra Não Morrer de Tristeza

Solidão e boemia em "Pra Não Morrer de Tristeza"

"Pra Não Morrer de Tristeza", interpretada por Ney Matogrosso, aborda a busca por alívio diante da dor emocional, mostrando como a convivência com o motivo do próprio sofrimento pode ser uma forma de evitar a solidão. O narrador, mesmo sabendo do passado da mulher que deixou sua casa para se entregar à boemia, escolhe sentar-se com ela nos cabarés. Essa escolha revela uma tentativa de não sucumbir ao isolamento, preferindo a presença dela, mesmo marcada por desilusão, à ausência total.

A letra destaca a transformação das relações ao longo do tempo, mostrando como antigos companheiros se tornam "inimigos do amor". O convívio, antes afetuoso, se transforma em uma cumplicidade amarga, sustentada pelo álcool e pela falta de esperança. O trecho “Hoje nós vivemos de bebida / Sem consolo, sem guarida / O mundo enganador” reforça o sentimento de abandono e desencanto, sugerindo que ambos buscam na boemia uma forma de anestesiar a tristeza e lidar com a desilusão amorosa. Assim, a música reflete sobre a solidão compartilhada e a dificuldade de romper com laços que, mesmo desgastados, ainda servem de abrigo contra uma tristeza ainda maior.