Pavão Misterioso

Liberdade e resistência em “Pavão Misterioso” de Ney Matogrosso

Em “Pavão Misterioso”, Ney Matogrosso utiliza a imagem do pavão como símbolo de liberdade e desejo de transcendência, inspirado no cordel de José Camelo de Melo Rezende. A música foi lançada durante a ditadura militar, e versos como “Me poupa do vexame / De morrer tão moço / Muita coisa ainda / Quero olhar...” expressam o anseio de viver plenamente em um período marcado pela repressão e pelo medo de ter sonhos interrompidos precocemente. O pavão, com sua cauda aberta, representa não só a beleza, mas também a coragem de desafiar limites impostos, sugerindo que a imaginação e o sonho são formas de resistência.

A letra faz referência ao “conde raivoso” e à “donzela”, personagens do cordel original, mas também funciona como alegoria: o conde simboliza o poder autoritário, enquanto a donzela representa a liberdade ou o povo oprimido. O refrão “Eles são muitos / Mas não podem voar!” destaca que, apesar da força dos opressores, eles não têm a capacidade de sonhar e criar, atributos essenciais para resistir e sobreviver. Assim, “Pavão Misterioso” mistura lirismo e crítica social, celebrando a imaginação como refúgio e arma contra a repressão.