Pedra de rio

Identidade e transformação em "Pedra de rio" de Ney Matogrosso

Em "Pedra de rio", Ney Matogrosso utiliza a imagem da "pedra rolada de rio" para falar sobre identidade, adaptação e transformação. A pedra representa alguém que é constantemente moldado pelo tempo e pelas experiências, como fica claro no verso “Sequei o meu pranto, enxuguei nesse Sol / E nele um rio virei”. Aqui, o eu lírico mostra que superou dores e se renovou, encontrando força no contato com a natureza. Essa conexão com elementos naturais, como o rio e a pedra, está alinhada com a proposta do álbum "Água do Céu – Pássaro", em que Ney explora temas de introspecção e a força interior do ser humano.

A solidão e a busca por pertencimento aparecem nos versos “Rio e navego sozinho” e “Perdido rio / De você, ah, meu rio / Você é meu rio, e eu, pedra de rio”. O rio pode ser visto tanto como uma pessoa amada quanto como o próprio curso da vida, mostrando que o indivíduo é levado, transformado e, às vezes, se sente perdido. A interpretação expressiva e andrógina de Ney Matogrosso reforça o questionamento sobre identidade e existência. O trecho “afago à morte encurvada / Cansada de tanto tempo viver” traz uma aceitação tranquila da finitude, dando à música um tom contemplativo e existencialista.