Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua

Resistência e liberdade em “Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua”

A frase repetida “Eu quero é botar meu bloco na rua” vai além de um simples chamado para o carnaval. No contexto da ditadura militar, ela se transforma em um símbolo de resistência e afirmação de identidade. Tradicionalmente associada à alegria e à ocupação das ruas durante o carnaval, a expressão ganha um significado político, representando o desejo de se manifestar publicamente e desafiar a repressão, mesmo quando o ambiente favorece o silêncio e o medo.

As primeiras estrofes trazem ironia e autodepreciação, como em “Há quem diga que eu dormi de touca / Que eu perdi a boca, que eu fugi da briga”, refletindo as críticas e julgamentos enfrentados por quem decide se expor ou resistir. A menção ao “Durango Kid”, personagem de faroeste, reforça a sensação de perigo e perseguição típica daquele período. Apesar disso, a resposta da música é sempre a mesma: colocar o bloco na rua, celebrar, dançar e afirmar a liberdade, mesmo sob ameaça. Ney Matogrosso, ao regravar a canção e usá-la para abrir seus shows, reforça esse espírito de enfrentamento e alegria como forma de protesto, mostrando que a vontade de se expressar e ser livre supera o medo imposto pela repressão.