nga 35

Reflexão e crítica social em “nga 35” de NGA

Em “nga 35”, NGA transforma seu aniversário de 35 anos em um momento de profunda autorreflexão, equilibrando conquistas pessoais com dores marcantes, como a perda de sua mãe, Dona Clementina João Almeida Pascoal. No verso “E ter dado força pra um gajo entrar na morgue / E encontrar a morte / De quem me deu a vida”, ele expressa a intensidade do luto e a gratidão por ter conseguido enfrentar esse momento difícil, algo que já destacou em entrevistas como um dos episódios mais impactantes de sua vida. Ao agradecer por “iluminares o caminho que trilho” e “dar saúde aos meus filhos”, NGA evidencia a importância da família e da fé como bases para superar desafios.

A música também traz uma crítica social direta, especialmente ao abordar a situação de Angola: “Vi que a minha Angola já não tem guerra / Mas também vi que Angola ainda não tem em paz”. NGA mostra que o fim da guerra não trouxe, necessariamente, justiça ou bem-estar social. Ele amplia a análise para a diáspora africana, apontando que angolanos, cabo-verdianos e guineenses só são bem recebidos na Europa quando há interesse econômico, o que evidencia o racismo estrutural e a hipocrisia internacional. O verso “a grana que desgraça no olhar das crianças / Sob uma raça, a raça humana” reforça a crítica à desigualdade e à desumanização provocada pela busca pelo dinheiro.

No final, NGA reafirma seu compromisso com a autenticidade e a luta: “Minha palavra, minha honra compromisso / Minha arte, minhas rimas, meu flow nisso”. “nga 35” é um retrato honesto de amadurecimento, onde experiências pessoais e críticas sociais se unem, marcando não só a celebração de um aniversário, mas também um posicionamento firme diante das adversidades e injustiças.