Divina Comédia Cabocla

Crítica à globalização em “Divina Comédia Cabocla” de Nicolas Jr.

Em “Divina Comédia Cabocla”, Nicolas Jr. faz uma crítica direta à influência da globalização e à perda de identidade cultural na Amazônia. Logo no início, a música usa ironia e exagero para destacar situações absurdas, como a ideia de doar água encanada para a França ou trocar o Teatro Amazonas pela "lei da informática". Essas imagens mostram como riquezas e símbolos regionais são entregues em nome do progresso e de interesses estrangeiros, questionando o impacto dessas escolhas na cultura local.

O verso “Não comemos mais jaraqui, porque já temos bigmac” ilustra a substituição de costumes tradicionais por produtos globais, reforçando a crítica à descaracterização da identidade amazônica. O humor aparece também na venda do boi-bumbá para "ornamentar o Planalto Central" e na transformação da Ponta Negra em atração turística para estrangeiros. O refrão, com frases como “Chega dessa pouca vergonha / De esquecer nossa cultura”, assume um tom de protesto, ironizando quem rejeita as próprias raízes em busca do que vem de fora. O uso de expressões regionais e referências a lugares e costumes locais reforça o sentimento de pertencimento e denuncia a alienação cultural, tornando a canção um retrato bem-humorado, mas crítico, do confronto entre tradição e modernidade na Amazônia.