Nato Colpevole

Desafios e resistência em "Nato Colpevole" de Niko Pandetta

"Nato Colpevole", de Niko Pandetta, aborda a sensação de ser condenado desde o nascimento, mas questiona essa ideia ao afirmar que ser "nascido culpado" é uma mentira. O título e o refrão reforçam essa dualidade: Pandetta assume a identidade marginalizada imposta pela sociedade e pelo sistema judicial italiano, mas denuncia a injustiça de ser rotulado e perseguido sem provas, como nos versos “Indaga su di me / Una prova non c’è” (Investigam sobre mim / Não há nenhuma prova). O contexto de sua vida, marcada por passagens na prisão e exclusão social, aparece diretamente na letra, especialmente ao mencionar o isolamento e a constante vigilância policial. Assim, Pandetta conecta sua trajetória pessoal a uma crítica social mais ampla, mostrando como o Estado pode oprimir os mais vulneráveis.

A música também traz uma postura desafiadora e autêntica, típica do trap italiano. Pandetta exalta sua resiliência e sucesso apesar das adversidades, fazendo referência ao passado criminal e à ascensão financeira. Ele contrapõe a ostentação material à fragilidade dessas conquistas para quem vive à margem da lei: “Puoi comprare le macchine / I gioielli e le collane / Ma ti tolgon tutto / Quando scendi per le strade” (Você pode comprar carros / Joias e colares / Mas tiram tudo de você / Quando você vai para as ruas). Ao citar nomes como Club Dogo, Marracash e Fedez, Pandetta se coloca como alguém respeitado no cenário musical, mas consciente de que o sucesso é instável. No final, "Nato Colpevole" se transforma em um manifesto de resistência e busca por redenção, denunciando a marginalização estrutural e reafirmando a força de quem enfrenta um destino imposto pela sociedade.