Marapatá

Marapatá: Um Encontro Poético com a Amazônia

A música 'Marapatá', de Nilson Chaves, é uma ode poética à Amazônia, repleta de metáforas e imagens que evocam a riqueza natural e cultural da região. A letra começa com uma reflexão sobre o mistério e a beleza de Marapatá, uma ilha que parece afogada nas mágoas, sugerindo uma conexão profunda e melancólica com a natureza. A referência ao 'Velho Bahira' que se mira nas águas como um 'Narciso nheengara' traz à tona a ideia de um espelho natural, onde a lua e a água se encontram, criando uma imagem de introspecção e autoconhecimento.

A canção continua a explorar a relação íntima entre a terra e seus habitantes. A 'mana maninha' que dança sozinha representa a natureza selvagem e indomável, enquanto a 'savana de seda' e a 'pavana de cio' evocam a sensualidade e a fertilidade da terra. O uso de termos regionais como 'campim canarana' e 'bubuia banzando' reforça a autenticidade e a conexão com a cultura local, criando uma atmosfera de tranquilidade e contemplação, como um 'banzeiro de rio'.

A terceira parte da música aborda a transformação e a aceitação. O 'senhor forasteiro' é convidado a deixar sua vergonha em Marapatá, onde a vergonha se verga e se transforma. A imagem da 'cuia do ventre' e do 'V da ilhargas' sugere um renascimento, uma nova forma de ver e viver. A 'cunhã se arretando' e o 'tesão de mormaço' simbolizam a força e a paixão da terra e de seu povo, culminando em um encontro visceral e intenso, onde a natureza e a humanidade se fundem em um só ser, celebrando a vida e a existência em sua forma mais pura e crua.