Andando a Esmo

Saudade e desorientação em "Andando a Esmo" de Nilton Lamas

"Andando a Esmo", de Nilton Lamas, retrata com sensibilidade o impacto da saudade e da confusão emocional após o fim de um relacionamento. A letra expõe como a ausência da pessoa amada leva o narrador a atitudes impulsivas, como no trecho: “Se o telefone te acordar dentro da noite / Inconsciente eu chamar seu nome desligue e engano”. Aqui, ele revela que, mesmo sem intenção consciente, busca contato com a ex-companheira, mostrando o quanto está perdido e ainda preso ao passado. Outros gestos, como enviar flores anonimamente ou aparecer de surpresa, são tentativas de justificar para si mesmo e para os outros que tudo não passa de engano, quando na verdade são sinais claros de sua dificuldade em aceitar a separação.

O tom confessional da música se intensifica quando o narrador admite que, se declarar seu amor, provavelmente estará “um pouco alto”, indicando que o álcool é usado como fuga para a dor. A frase “E quando eu estou de fogo eu não falo por mim” reforça a ideia de perda de controle e de sofrimento que se manifesta em momentos de vulnerabilidade. O título "Andando a Esmo" resume esse estado de desorientação: o narrador vaga sem rumo, lutando contra si mesmo e tentando negar a verdadeira origem de seu sofrimento. Essa abordagem se encaixa no contexto da carreira de Nilton Lamas, conhecido por explorar as nuances do sofrimento amoroso em suas canções, e evidencia a luta interna de quem não consegue se libertar das lembranças e do desejo de reconciliação.